<$BlogRSDUrl$>

boas dicas, miados, risos

TOCA RAUL

12 julho 2004

Então Pedrinho estava no hospital e seus amigos Ricardo, Leona e Juliana o foram visitar. Ricardo morava no caminho, Leona e Juliana encontraram-no ao pé do alto de Baumgartnen, onde fica o hospital, e de onde pode-se ver Wien. O cemitério seria um atalho, disse Ricardo às meninas, era tudo uma coisa só: cemitério, hospital, mas depois eles cercaram e separaram cada um deles e agora primeiro vinham os louquinhos, depois o cemitério e depois, Wien. Ricardo não podia conter-se, decerto, de nervoso, e a cada novidade da paisagem soltava uma idiotice, como por exemplo a sugestão de comprar uma vela de caixão na máquina que havia ao lado do portão. Procuravam pelo Pavilhão 10, no mapa da entrada descobrimos que ficava ao lado do teatro. "Temos que dar um jeito do Pedrinho estar no teatro, mas não como louco, e sim, como músico.", a menos idiota das idiotices. Em frente do hospital estava o carro de outro colega, cujo nome Ricardo (como sempre), não lembrava, este hábito do sobrenome. Enquanto narrava a situação, pedia ajuda a Juliana, arrumou com ela o nome e com Estefano o telefone. Entraram no Pavilhão perguntaram por Pedrinho ao enfermeiro, que respondeu "sim, existe um Pedrinho Vedor aqui" e a expressão silenciosa deu a deixa para Ricardo "viemos visitá-lo", "que bom, procurem-no pelo bosque aí em volta". O terreno do hospital é grande, vários km2 de natureza, uma igreja do Otto Wagner (que há eras está em reforma, mas sua cúpula dourada brilha, com certeza a reforma começo por cima) e um café. Pra lá se dirigiram e, no caminho, todos os internos que passavam abanavam ou diziam "Gruß Gott". Ricardo já tinha dito que o café era legal, que lá sentavam todos os louquinhos, e entrou pra comprar um sorvete. Um dos internos pra quem eles tinham abanado interpela a assustada Leona, falando enrolado sob o efeito das drogas do local, pedindo que contasse as moedas em sua mão. Leona demorou um pouco pra entender, por nao ser austríaca, por não saber se a falta de clareza era culpa do dialeto ou do pó que eles recebem todos os dias às 6 da tarde ou dos dois ao mesmo tempo. Mas ele estendeu pacificamente a ela seus dedos de longas unhas, um isqueiro vermelho e algumas moedas. Leona pensou que rejeição era mesmo o pior para quem está num hospital, segurou seu medo e pegou as moedas da mão do louquinho de óculos pesados e longa capa preta, sentindo a pele macia. "1, 2, 3, 4 euros e 60 centavos", contou, e ele então perguntou quanto custava o pó azedo, o que Leona só foi entender mesmo depois da terceira repetição, e então já tinha um plano pra desviar do assunto e continuar procurando por Pedinho, pois o louquinho exasperou-se e ela não tinha a menor idéia de como lidar com a situação. A invés de tentar responder quanto custava o pó azedo, transferiu a pergunta ao homem no balcão da cantina e foi ao encontro de Juliana e Ricardo, que com certeza não queria estar ao seu lado em caso de uma eventual confusão.
Seguiram pelo caminho verde. Graças ao celular do amigo Elmo, encontraram então Pedrinho, os dois parados no meio do mato como numa foto de capa de disco anos 70, jeans e camisa de botão, a de Pedrinho, amarelinha. Era mesmo um grande espaço verde e, ali no meio, onde não havia árvore alguma, uma única mesa. Pedrinho estava bem-humorado: "Festinha legal esta aqui na minha casa, hein? Amigos, natureza, drogas, vamos pegar esta aqui?" E apontou pra solitária mesa no meio da grama, onde sentamos e conversamos lucidamente sobre o dia da crise, tudo o que não seria se nós assim não tivessem agido, e fumaram o cigarro do Pedrinho, um Marlboro rotulado em branco escrito:"Pedrinho Vedor". Pedrinho parecia normal, igual, como sempre, falando muito e planejando, planejando, como se só estivesse esperando sair dali pra começar tudo de novo, alugar o carro, pegar o equipamento e ir com Ricardo pra Kärnten. 5 horas, hora de voltar ao pavilhão, hora da volta.
Comments []
<$BlogCommentBody$>
Postar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?