artevida

CASES DE OUTRENS (antes que eu esqueca, esta é ótima)
Ela morava em um edifício baixo no Alto da Glória, no ano em que passou em Curitiba. Saía na esquina e era abordada, ia na padaria e perguntavam onde morava, na farmácia havia sempre um olhar enviezado. Foi descobrir que suas vizinhas de cima eram todas garotas tolerantes. Tudo bem. Este ano em que passou, fez pouquíssimas amizades. Algumas delas eram os motoristas de táxi, que a levavam pra casa de graca depois dela gastar todo seu dinheiro em chopps da 24 horas. Mas isto demorou pra acontecer. Antes, numa destas descuidadas noites de bebedeira, sem um tostao pro madrugueiro, foi a pé pela XV em cima de suas botas novas, de saltinho fino, brancas. Na altura da Santos Andrade, nao podia mais dar um passo, sentou num dos bancos da praca, tirou as botas, fez uma massagem nos pés e recostou-se pra descansar...Acordou às oito e meia da manha, com toda a vida passando entre ela e o chafariz, intactas todas, ela, as botas, a bolsa.