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boas dicas, miados, risos

TOCA RAUL

13 julho 2004

Difícil de encontrar. Nosso interior. Qual é a menor distância entre nós e nós mesmos? Quem seria Ricardo? Quem seria Pedrinho? Quem estaria enunciando estas perguntas?
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Sob tantas perguntas, foram tomar café na casa de Ricardo. A loucura na realidade, não a realidade da loucura. O limite mesmo, uma casa habitadas pelas coisas: ninguém. Ou pele menos, espaço pra ninguém havia lá. Onde é preciso pedir licença já pra porta de entrada. Onde cozinha, banheiro e lavanderia se confundem. Tomaram o café sobre os teclados, inúmeros, piano elétrico de cauda, órgão. Foi mesmo difícil de encontrar, de repente, lá em cima: uma cama!
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De onde? Pra onde? Qual é a verdadeira realidade? Aquela do senso comum? A redundância? Ou eu acredito mesmo que um consenso não pode ser comum? Que morar quase no mesmo quarto não significa tanto assim contato? Qual é a menor distância possível entre dois seres humanos?
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12 julho 2004

Então Pedrinho estava no hospital e seus amigos Ricardo, Leona e Juliana o foram visitar. Ricardo morava no caminho, Leona e Juliana encontraram-no ao pé do alto de Baumgartnen, onde fica o hospital, e de onde pode-se ver Wien. O cemitério seria um atalho, disse Ricardo às meninas, era tudo uma coisa só: cemitério, hospital, mas depois eles cercaram e separaram cada um deles e agora primeiro vinham os louquinhos, depois o cemitério e depois, Wien. Ricardo não podia conter-se, decerto, de nervoso, e a cada novidade da paisagem soltava uma idiotice, como por exemplo a sugestão de comprar uma vela de caixão na máquina que havia ao lado do portão. Procuravam pelo Pavilhão 10, no mapa da entrada descobrimos que ficava ao lado do teatro. "Temos que dar um jeito do Pedrinho estar no teatro, mas não como louco, e sim, como músico.", a menos idiota das idiotices. Em frente do hospital estava o carro de outro colega, cujo nome Ricardo (como sempre), não lembrava, este hábito do sobrenome. Enquanto narrava a situação, pedia ajuda a Juliana, arrumou com ela o nome e com Estefano o telefone. Entraram no Pavilhão perguntaram por Pedrinho ao enfermeiro, que respondeu "sim, existe um Pedrinho Vedor aqui" e a expressão silenciosa deu a deixa para Ricardo "viemos visitá-lo", "que bom, procurem-no pelo bosque aí em volta". O terreno do hospital é grande, vários km2 de natureza, uma igreja do Otto Wagner (que há eras está em reforma, mas sua cúpula dourada brilha, com certeza a reforma começo por cima) e um café. Pra lá se dirigiram e, no caminho, todos os internos que passavam abanavam ou diziam "Gruß Gott". Ricardo já tinha dito que o café era legal, que lá sentavam todos os louquinhos, e entrou pra comprar um sorvete. Um dos internos pra quem eles tinham abanado interpela a assustada Leona, falando enrolado sob o efeito das drogas do local, pedindo que contasse as moedas em sua mão. Leona demorou um pouco pra entender, por nao ser austríaca, por não saber se a falta de clareza era culpa do dialeto ou do pó que eles recebem todos os dias às 6 da tarde ou dos dois ao mesmo tempo. Mas ele estendeu pacificamente a ela seus dedos de longas unhas, um isqueiro vermelho e algumas moedas. Leona pensou que rejeição era mesmo o pior para quem está num hospital, segurou seu medo e pegou as moedas da mão do louquinho de óculos pesados e longa capa preta, sentindo a pele macia. "1, 2, 3, 4 euros e 60 centavos", contou, e ele então perguntou quanto custava o pó azedo, o que Leona só foi entender mesmo depois da terceira repetição, e então já tinha um plano pra desviar do assunto e continuar procurando por Pedinho, pois o louquinho exasperou-se e ela não tinha a menor idéia de como lidar com a situação. A invés de tentar responder quanto custava o pó azedo, transferiu a pergunta ao homem no balcão da cantina e foi ao encontro de Juliana e Ricardo, que com certeza não queria estar ao seu lado em caso de uma eventual confusão.
Seguiram pelo caminho verde. Graças ao celular do amigo Elmo, encontraram então Pedrinho, os dois parados no meio do mato como numa foto de capa de disco anos 70, jeans e camisa de botão, a de Pedrinho, amarelinha. Era mesmo um grande espaço verde e, ali no meio, onde não havia árvore alguma, uma única mesa. Pedrinho estava bem-humorado: "Festinha legal esta aqui na minha casa, hein? Amigos, natureza, drogas, vamos pegar esta aqui?" E apontou pra solitária mesa no meio da grama, onde sentamos e conversamos lucidamente sobre o dia da crise, tudo o que não seria se nós assim não tivessem agido, e fumaram o cigarro do Pedrinho, um Marlboro rotulado em branco escrito:"Pedrinho Vedor". Pedrinho parecia normal, igual, como sempre, falando muito e planejando, planejando, como se só estivesse esperando sair dali pra começar tudo de novo, alugar o carro, pegar o equipamento e ir com Ricardo pra Kärnten. 5 horas, hora de voltar ao pavilhão, hora da volta.
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Bilhete a não ser entregue no Pavilhão 10 de Baumgartner Höhe:


Du, Pedrinho, ich liebe dich, der Ricardo liebt dich, der Estefano und die Samanta, sicher! Dein Vater und deine Mutter lieben dich. Wir alle am Institut lieben dich, und wir warten auf dich bei der nächsten Veranstaltung.
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Pedrinho foi pro hospital, o doutor disse que ele não poderia receber visitas até que se acalme. Com o Estefan, ontem, ao telefone, nosso heróis trocou as seguintes palavras:
P: "Ei, Estefano, vamos tomar uma cerveja"
E: "Vamos sim, Pedrinho"
P: "E também vamos meter a cabeça embaixo da torneira!"
Eu acho que ele precisa mesmo esfriar, imagino o quanto será que uma pessoa precisa da água pra neutralizar todas as reações químicas em alta entropia na própria cabeça.
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Eu leio aqui no jornal da cidade do Pedrinho, Klagenfurt, que uma mãe largou seu bebê de 8 meses dentro de um carro no sol. É claro, eu penso sim qu este pedaço da Áustria, apesar de todos os seus lagos e belezas naturais, abriga histórias não tão agradáveis de se vivenciar. E deixo então de novo o jornal na mesa, a foto da Miss Kärnten virada pra cima.
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Apesar de muitas vezes não entender o Pedrinho direito por causa do seu Kärntnerisch, eu sempre desconfiei que ninguém o entendia direito. Talvez não que não o entendesse, mas que nunca conseguia conversar com ele direito. E a palavra para O QUE realmente falta na comunicação entre ele e o mundo talvez tenha faltado também na compreensão de mundo dele mesmo.
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Os telefones do ELAK estão tocando, as pessoas estão conversando longamente sobre solidão e outras coisas sobre as quais não se conversa normalmente aqui, a tristeza de Pedrinho serve agora de plataforma de contato, sobre ela encontram-se as vidas em volta, que antes apenas das janelas se viam...
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9:30 da manhã ainda está claro. 5:30 da manhã já está claro. É claro, quem não fica louco com toda esta luz? Eu, meu caro. Eu vejo os outros através da minha loucura, que já atravessou muitas claras noites e sobreviveu em dias escuros. Hoje um bichinho mordeu minha bunda, por exemplo, e cá estou eu escrevendo, um pouco mais tarde depois que o sol nasceu, um pouco mais cedo antes de acordar, com sede, vendo que achei que ontem era hoje e que quase vivi um dia a menos...
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Hoje Pedrinho faz 27 anos. Ele perde sua Kinderbeihilfe e todos os descontos que se tem em seu país até esta idade. Além disto, seu curso passará a custar quase o dobro do que antes custava. Mas ele não se importa. Na verdade, ele não se dá conta. Ele não está nem aí. Não está presente. Desligou-se da realidade e mergulhou no seu mundo, entre companheiros escolhidos por seu pai e seu psiquiatra, em Baumgartner Höhe.
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Hoje houve uma crise e Pedrinho deixou-se levar por sua vida levada. Após dias dormindo em sono éter no frio da noite, pelado acordou em seu corpo, sem saber onde estava. Tinha sonhado lindamente, disse ao amigo Ricardo, acordando-o às 6 da manhã, acrescentando que deviam, naquele exato momento, partir para Kärnten. Mas nem ao menos deixaram a capital, Wien, pois a sanidade era pesada demais para ele.
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08 julho 2004

Incrível! Meu último post, dia 26 de novembro. Nossa. Hard times. Até agora precisei, pra me recuperar, talvez. Na, Scherz. E fazer piadinha em alemao é engracado também. O Wagner é o rei do humor alemao. O cara chama Wagner. Como é que pode? Aqui o povo nao acredita, quasi. Eles falam quasi, ao invés de quasi. Mas, como sempre, pro sentido tem um desvio bem ............grande...................................................................Enfim........................... Deu!
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