artevida

Vou me esconder do sol, antes que ele volte. Ele anda muito rápido, ultimamente.

EU QUERIA SABER FAZER UM TEMPLATE DE BLOG
Personalizado, nada destas porcarias de fábrica que há por aí...

Troquei música contemporânea no rádio em casa por drum´n´bass no club. Tô morrrrta!

Panfletagem em Viena

A visao dos passantes

Burgtheater
Sim, vamos logo, a peca comeca às 19:30. Andem. Quem? A Frida? Ah, ela disse que vinha, nao sei. Anda, putz, esta carroca agora na saída do bonde. Olha lá a Frida! Lindo vestido cor de cobre, querida. Como brilha! E entao, você já leu Elisabeth II? Que que esta garota vem fazer na minha direcao...Ah, um flyer...Faszination Musik...Esta japa aqui na capa...Cleveland Orchestra...Mas onde? Acho que na Konzerthaus, quando? Nao sei, nao tem, vamos perguntar pra ela.

Birgit, eu tô com uma sensacao esquisita...O quê? Sei lá, algo de errado...Este bonde do Ring demora uma era! Tá quase na hora já. Hoje nao tem os oldies Rock´n´Roll de ontem na frente da Rathaus...Deixa o cavalo passar, Birgit. Vamo lá, chegamos. Cadê eles? Ai, meu Deus. Ah, Danke. Um flyer...Jazz & Beyond...Tudo no Porgy & Bess. Meu, eles nao estao aqui. É, vou ligar. Oi! Servus. Pois entao, eu e a Birgit estamos aqui na frente do Burgtheater. O quê? No Akademietheater? Ai, meu Deus, tá bom, tamos indo. Vamos perguntar pra garota do flyer...Onde? A pé é longe? De "D"? Obrigada.

Meus caros visitantes, bem-vindos à carruagem mais chique de viena. À sua esquerda, a Rathaus. À sua direita, o Burgtheater e...huu...olha só....que pecinha ali na frente, de shortinho e blusinha vermelhinha....Vou chamá-la...Vem aqui, vem aqui já....Ai, ela tá vindo, vou preparar meu chicotinho pra pegá-la...Esta egüinha...O que é isto? Um flyer?? Nao, garota, vem aqui no meu chicote...Arschloch? Eu? Imagina! Ahahah Êia, cavalinho!

A visao das panfleteiras

Jazzland
Ainda em frente ao Burgtheater:
- Onde fica o Jazzland?
- Pergunta pelo triângulo das Bermudas.
- Triângulo das bermudas??? Grande ajuda, procurar pelo triângulo das bermudas...Prefiro me perder pela Schwedenplatz mesmo....
Em frente ao Jazzland
Mais uma daquelas faixas que estao há um tempo espalhadas pelas igrejas da cidade: "abra as portas pra cristo". Desta vez, a faixa no chao e um pessoal cantando em volta. Parece religioso mesmo....Bitte. Nao entra muita gente neste Jazzland. Os que entram, nao querem saber de flyers. Nein, danke. Flyers da concorrência, do Porgy & Bess. O Phil Minton vai tocar lá...quando...em 2004!! Danke schön. Meu Deus, estes flyers vao contra toda e qualquer linha de raciocínio marketínico que eu já vi. Sem data do evento ou entao um evento pro ano que vem. Num flyer! Sao bonitos, há que se dizer. Bitte sehr. Alguém tá vindo falar comigo...Ele também tem um flyer, ótimo, vamos trocar...Eu te dou este, vc me dá este. Danke. Mas o dele é mais complicado...tá escrito "eu te peco, Jesus", em ingles, alemao e francês...tem um espaco pra escrever um pedido...tem que escrever o pedido e entregar na capelinha que eles fizeram lá no pé da escada...pois é, depois eu vou....Danke. Bitte. Bitte sehr...é a igreja carismática católica se espalhando pelo mundo...e nós, ali do lado, passamos por missionárias religiosas...eu tento entregar um flyer e a garota me diz: "nao, obrigado, nós acreditamos em outro Deus"....????? O outro, ao me ouvir dizer Concerto de Jazz, "ah, que bom, nada de religiao" olha o flyer "esta sim, é a melhor religiao..."Danke noch mal.

Burgtheater do outro lado
Velhinhos e vehinhas em pequenas bicicletinhas de selins e guidons altíssimos. Charmosas bicicletas com cestas cheias de compras. Um pedala e come, ao mesmo tempo, um pedaco de pizza. O patinador, pipoca. Aquele ali sobre os rollerplates, pernas abertas quase se jogando no poste do ponto do bonde. O "D" Nußdorf...1000 x Tische + Stuhle. O sol passando atrás do relógio da Rathaus. "Aceita um diferente?" Mundaréu de gente desceu do bonde. Vestidos florais. Saltos altos. Tem gente que nao pega mesmo. Uns velhos, a maioria jovens. Como os jovens sao...sei lá, altivos. Aquele jovem casal ali, pueril exemplo da futura burguesia vienense. Ele de terno pra ir no teatro. Abraca ela toda enfeitadinha. Parece entrada de baile. E vem vindo a multidao da direita, todo mundo assistir Elisabeth II. "Obrigada, eu já tenho" "Mas é diferente" O condutor da carruagem passa e observa. Só se vê a cabecinha dos passageiros, um nenê no colo. Um charmosao de preto está parado no meio da escada, em frente à entrada principal. Olhares, olhares...É só o que se consegue nesta cidade."1 Ring-Kai-Ring" www.pbs.jobservice.at. Na porta lateral, um seguranca fuma um cigarro. Na frente do teatro, uma garota fuma um cigarro ao lado de sua bicicleta. Está chegando a hora do terceiro sinal. Hoje nao tem Rock´n´Roll, nem bandeirolas T-mobile ou ORF. O charmoso continua esperando sua frau, irma, prima, o namorado. "Posso roubar um cigarro seu?" Cigarro, isqueiro. Nem uma palavra. De bicicleta, seguindo o Ring e o "D Nußdorf" Piknik im Stadtpark, Radio Ö3. Qual é a sintonia da rádio? Nao tem. Êta nóis publicidade vienense...

Eu sei que é brega, repertório de formatura,
mas é adendo à charge anterior...

Novo Tempo
(Ivan Lins / Victor Martins)

No novo tempo apesar dos castigos
Estamos crescidos, estamos atentos
Estamos mais vivos pra nos socorrer (bis)

No novo tempo apesar dos perigos
Da força mais bruta, da noite que assusta
Estamos na luta pra sobreviver (bis)

Pra que nossa esperança seja mais que a vingança
Seja sempre o caminho que se deixa de herança

No novo tempo apesar dos castigos
De toda fadiga, de toda injustiça
Estamos na briga pra nos socorrer (bis)

No novo tempo apesar dos perigos
De todos pecados, de todos enganos
Estamos marcados pra sobreviver (bis)

Pra que nossa esperança seja mais que a vingança
Seja sempre o caminho que se deixa de herança

No novo tempo apesar dos castigos
Estamos em cena, estamos nas ruas
Quebrando as algemas pra nos socorrer (bis)

No novo tempo apesar dos perigos
A gente se encontra cantando na praça
Fazendo pirraça pra sobreviver (bis)

Caralho!!!
Hay que endurecer e perder la ternura.
Novos tempos.
Chequem você nao soube me amar, por Lula.

Salvei tudo, dia por dia. Agora tenho que salvar meu diretório deste laptop...

Fui no meu template e descobri que ele está em branco!!!!!! Que meda!!!! Alguém tem uma sugestao de como eu posso salvar todo estes material escrito aqui???

Sonhei comigo velhinha. Incrível! Olhinhos pequenos, cabelos clarinhos. Vi todas as minhas rugas. Acho que eu devia ter entre 60 e 70 anos. Me vi, como se fosse outra pessoa. Sem espelho. Bem de frente. Olhar forte. Um pouco braba. Será?

"Tua voz ficou bonita, de repente...Por alguns instantes, eu te amei..."

Crônicas vienenses parte C
Como perder-se sempre
No centro da cidade, os pontos cardeais sao os edifícios. A Prefeitura, a quadra dos Museus, a Ópera, o Palácio da Justica, o Parlamento, a Universidade principal, o Museu de História Natural, o Museu de História da Arte. o Ministério. Sao maiores que uma ou duas quadras, ou eu nao sei qual o tamanho deles. Grandes também sao as portas e parece impossível que um mísero ser humano vai conseguir abri-las. Já sei que entrar num destes edifícios nao é problema exclusivo dos estrangeiros...Mas, uma vez sabendo onde é a porta principal, conclue-se (ou conclui-se?) que há um outro lado. Sabendo disto, você está um pouco menos perdido. Ou nao. Ás vezes a volta no edifício na esclarece muito, quanto à orientacao, de onde você veio e pra onde tem que ir...

Pensamentos vienenses
No Bonde
Suponham que as espécies vivas fossem alimentadas de energia à maneira dos bondes. Apenas vagoes, sem motor. Quando quisessem mover-se, permitiriamm que a corrente passasse por eles, vinda dos cabos lá no alto, e corresse pelos trilhos. Assim, haveria também para as espécies vivas uma corrente intermitente. Interrompê-la-iam (saudades da mesóclise) ou nao, ao invés de sentirem-se geradores carregados ou vazios de energia....

Crônicas vienenses parte A
O 13A
O ônibus que nunca passa e vem entao de dois em dois. Vindo da Neubaugasse. Entra um cara de turbante que diz "Taliban Zeitung". E de novo "Taliban Zeitung" (Jornal do Taliban). Até que todo mundo estivesse olhando pra ele. Uns meio desconfiados, outros obviamente incomodados, eu rindo. "Nao tem mais. Vendi tudo." Caí na gargalhada!

Crônicas vienenses parte O
O homem-laranja
"O" de orange. Pego sempre o 13A. Passa na quadra de baixo. E fico observando os tipos que aparecem. Principalmente quando eu pego o último, lá da Ziegelofengaße, às 11:53. Me entra um cara de cabelo comprido loiro. Óculos escuros laranjados. Jaqueta laranja. Tênis laranja. Mochila laranja. Impossível nao notar.

Crônicas vienenses parte N
Este indivícuo meio barbado e com 2 piercings na sobrancelha eu já vi no 13A. Ele é até charmoso, mas nao olha pra ninguém. Parece viajao, naive. Deve andar schwarz também.

Nova tentativa. No caminho, em Reumann Platz, cruzei com o homem-laranja!!!! Schlechtes Gefühl. Algo me dizia que era uma furada. Medo de desrespeito. De violência. Levei a sensacao ao máximo e, ao subir a escada do prédio mais ou menos antigo, vi umas manchas no chao e pensei serem de sangue. Fui ao fundo do medo e voltei, ridículo, aqui nao dá este medo de dor que se tem no Brasil. Perdi entao o medo e ficou só o sentimento estranho. Uma escada. Pia no corredor. Outra escada. Numa porta morava a Frau Ingrid alguma coisa. Lembrei da minha tia, acho que nao. Outra porta, grade coberta de panos. Som de televisao. Bato. Bato de novo. Abre a porta e fica aquela repulsa inicial do desconhecimento. Um homem ou uma mulher? Gordo, óculos. Cabeca redonda. Cumprimentamo-nos, entre. Uma pequena casa de um só cômodo, ENTULHADA de quinquilharias. Como o cara parecia aquelas mae-de-santo baiana, eu até procurei uma capelinha ou alguma vela. Era quarto, escritório e sala de tv no mesmo lugar. Sentamos em volta da mesa. A tv estava ligada. Atrapalhava um pouco a conversa. Pensei que ele tinha feito mencao de desligar a tv mas, na verdade, ele explicou que assistia há seis meses àquela novela e que era o último capítulo. Que era muito boa. Eu olhei na tv e me chamou a atencao a maquiagem precária. Ó do borogodó, minha gente!!! Tinta verde na cara do cara. "Ele se queimou", diz meu hostess. Só se ele se queimou com tinta verde incandescente. Péssimos atores. "Este homem", continuava meu hostess, "este homem matou 5 pessoas, 5 pessoas ele matou". O homem estava levando tiros. Tinha também uma mulher: "Este casal trocou bebês no hospital". Disgusting. Só entao fui perguntar qual era a língua. Eslovaco. TV Eslovaca. Muito bem. Tive que assistir o último capítulo pois, conversar sobre o novo trabalho, só durante o reclame. Passava o reclame, cena de casamento, claro, último capítulo. Onde???? No México!!! Novela mexicana, minha gente!! Acabou a novela, meu satisfeito futuro chefe me diz: "Este é um horário super bom, nao é? A novela comeca 5 e meia, dura duas horas e entao sobra tempo pra fazer outras coisas". E entao outras coisas seriam eu traduzir textos dele, sobre direitos humanos. O sentimento estranho tinha sim fundamento. Expressoes como "qualquer nota", "ineficiente", "meia-boca" poderiam expressá-lo. Ele entendia tao pouco de internet, que mandou um sms pro meu telefone fixo!! Meu novo trabalho, hahaha...

Ou entao um forum sobre técnicas bagulhísticas...!!!!!

Procurei a loja na net e nao achei, mas dei com este site austríaco chamado www.marijuana.at, onde tem aulinhas de como fechar o bagulho.... Ahahah!!!

Ontem eu fui num típico Mercado das Pulgas europeu. Gastei 7€ e comprei:
2 pratos
2 livros
1 camisa de crianca (cuja manga eu tive que tesourar para poder vestir...)
1 íma

Mas a loja mais bonita, com certeza, era uma que vendia roupas e coisas feitas de Cannabis. A mais colorida. Tomei um chá de Cannabis com limao e fiquei viajando nas cores e espelhinhos e lindas bolsas, lindas, lindas!!! Mas muito caras...Talvez, quando mama estiver por aqui, eu ganhe uma, hihihi...

Bem-vindos ao blog menos visitado do ano!!!

O sol aqui nao é da meia-noite, mas aposto que, até o solstício de verao, vai ser sol das onze e meia da noite com certeza!!! Tá claro até quase 9 e meia já!

Cliquem para doar mamografias a quem precisa. Obrigada

As 6 e meia da tarde as criancas falam.

Espécies semelhantes reconhecem-se

Ontem saía eu do Luthier, em suspenso pela grana que vou gastar consertando meu arco, com a viola nas costas, quando alguém atrás de mim diz "Entschuldigen". Eu olho pra trás e uma mulher de uns 40 e poucos anos muito me sorri e pergunta: "do you speak english?". Yes, I do, normally. "I play in the Chicago Simphony and I would like to buy a shoulder rest...do you know where there´s a violin shop here nearby?" Mas foi muito engracado o jeito dela, efusiva, vindo até mim com todo o seu corpo, super próxima, tudo por causa da familiaridade entre os músicos. E eu, mais uma vez, comprovei a tese: o ministério das línguas adverte: aprender alemao dificulta pra falar inglês.

Camila Juarez (Buenos Aires) escreveu-me:
...y llego a la típica pregunta: ¿Para qué? (la pregunta más
castradora de todas)

Nunca havia pensado que "Por que" seria uma pergunta castradora. Mas, de alguma forma, algumas vezes ela já me incomodou. E agora fico dando voltas em meus neuroniozinhos com esta frase da Camilita Chica. Vou pegar o U1 e andar em círculos em volta do Ring pra ver se alguma coisa acontece...

Um livro, hoje em dia...
Sobre mim mesma
Sobre meus pensamentos
Acontecimentos
e poesia

Sobre ser uma heroína
neste tempo sem gurus
cheio de guias
e morfinas

Sou sincera comigo
e com meu tempo
também sou
certa da minha incerteza
da minha naividade
e tristeza

Sem modéstia
sem novidade
sem violência
ou sentido.

Publico este livro
e dedico
a todos os olhos
os cérebros
as vias e os paralelos
a todo o tempo
a mim mesma
ao vento.

Um livro, hoje em dia...
Sobre mim mesma
Sobre meus pensamentos
Acontecimentos
e poesia

Sobre ser uma heroína
neste tempo sem gurus
cheio de guias
e morfinas

Sou sincera comigo
e com meu tempo
também sou
certa da minha incerteza
da minha naividade
e tristeza

Sem modéstia
sem novidade
sem violência
ou sentido.

Publico este livro
e dedico
a todos os olhos
os cérebros
as vias e os paralelos
a todo o tempo
a mim mesma
ao vento.

está chovendo e as pessoas
assim mesmo
estao sorrindo

Situacao ônibus-metrô-bonde
Dois homens de meia-idade. Roupa comum. Sem pasta, bolsa ou algo que o valha. Sim, bolsos. Entram juntos, pela mesma porta, ou nao. Pisam com firmeza e param no corredor. Nao sentam. Nao olham. Sao dois. Nao têm bolsa. Um aqui ou um lá. Ou os dois no meio. As portas fecham. É o controle. Você está frito.

Tenho 87 anos
Ando normalmente pelas ruas de Viena. Moro aqui na Lederegasse 34, quase esquina com a Josefstädterstraße. Regiao muito bem servida de transporte. De um lado, o cinto; do outro, o anel. Nao obstante a minha idade, com meu Jahreskarte posso mover-me livremente pela cidade: do 13A da porta de casa até Neubaugaße e entao com o U3 até Zippererstraße. Depois volto e, em Landstraße pego o U4 até o Naschmarkt, comprar especiarias e acepipes. Posso entao voltar com o mesmo 13A.

Entrar no ônibus é tao difícil quanto entrar num bonde antigo, destes que também sao metrôs. (os bondes novos, como o J, na Josefstädter, têm o piso quase no nível da calcada). Me seguro no corrimao, puxo meu corpo com toda a forca que meus bracos podem suportar. Com a outra mao, seguro o guarda-chuva xadrez vermelho (meu favorito) e a sacola verde bandeira de compras. Mantimentos nao sao problema: vou ao Hofer, apenas dois pontos de 13A. Entao, quando já estou dentro do ônibus, fico paradinha na porta, afinal, sao apenas dois pontos. Poderia ir caminhando lentamente, mas está chovendo e cobri minha cabeca com este lenco branco de flores bege. Mas estou aqui na porta, gloriosa, aqui em cima, vendo a rua passar no janelao da porta. Há um movimento extra à minha volta dentro do ônibus, de pessoas olhando para mim, para os lugares vagos e para si...Finalmente alguém menciona um movimento de levantar e me pergunta se eu quero sentar. Eu já sabia. Nao, obrigada, ich steige gleich aus.

Vendo melancolia
(Acompanha fita cassete do Edu Lobo com gravacoes da década de 70)

Modo de usar
Misture os seguintes ingredientes enquanto o cassete toca no toca-fitas:
Dois ou 3 temperos sao suficientes para mantê-la em dia por uns 3 meses. Pode ser curry, manjerona, paprica, tempero pra bife, molho de soja, sal. Uma cozinha com vista pro pôr-do-sol. Um vizinho que entra, faz uma salada de frutas maravilhosa sem dizer uma palavra e sai sem dar tchau. Comidinha gostosa, de sua preferência. Algumas saudades, amores deixados e outros nao vividos. Mate a fome. Mate a sede. Nao se mate, senao a melancolia nao tem registro.

Ladrao que rouba ladrao tem cem anos de perdao. E eu fiquei sem a minha bicicleta. A história é a seguinte: o Wagnerfelipedossantos "achou" uma bicicleta linda na rua. E entao, deu pra mim a sua velha. Que ele montou com pedacos de outras. Com uma roda traseira que dá até medo, se fosse a dianteira e eu pudesse vê-la enquanto dirigia, nao andava com ela. Mas já rodei um monte e a velharia dela é a garantia de que ninguém vai roubá-la. Já nao é o caso da coisinha linda que o Wagner "achou". (O Roman me disse ontem: "o Wagner diz que achou, mas pra mim isto ainda é ´roubou´") Ele a deixou dentro do prédio do Pavel, trancada, mesmo assim saiu encucado. Na volta, cadê a bicicleta? Cadê o pedaco da bicicleta do Roman? E assim vai, um rouba do outro, que rouba do um, que rouba do outro, que rouba do um, até que a bicicleta fica velha e ninguém rouba.

Agora sou obrigada a contar que sou vítima de um dejà vu real, ou Real: toda vez que eu sento no bonde e tem alguém lendo o jornal na minha frente, eu leio a palavra Ronaldo. Ele é tao citado, eu penso, que coloquei até este link pro distante Indian Express (pra mim, um pouco menos distante que pra vocês aí no Brasil. Ou nao)! Fora o poster dele, na pose mais sexy que eu já vi (se é que isto é possível), atrás da porta da cozinha da Léa, minha amiga brasileira e vizinha.

Primeiro, um agradecimento ao falso Ronaldo por este texto:

"É com grande quantidade de trovoadas e de celestes pirotecnias que se precisa falar aos sentidos indolentes e adormecidos. Mas a beleza fala em voz baixa; só se insinua nas almas mais despertas. Hoje meu escudo estremeceu docemente e sorriu-me; era o riso sagrado, o frêmito sagrado da beleza. (...) E acredita-me, peco-te, querido espírito do Inferno, os maiores acontecimentos surpreendem-nos nao nas horas mais barulhentas, mas nas horas mais silenciosas. O mundo gravita, nao em redor dos inventores de estrondos novos, mas à roda dos inventores de valores novos em torno dos quais gravita o mundo; ele gravita em silêncio."
F. Nietzsche

Meu computador sofre quase uma invasao de campo magnético ectoplásmico da impressora da Katrin!! Cara, a tela parecia um espelho d´água, dava até náusea!!!

Fico imaginando a situacao, se eu andasse com uma vestimenta destas no Brasil, pra panfletar pra, digamos, a Caixa Econômica...Impraticável!! Ia formar aquela multidao de pedintes à minha volta...Quem manda sair na rua com esta, onde já se viu, "tô dando dinheiro"??? Tosco!

Ah, tivesse eu toda esta grana pra distribuir...

E enquanto o emprego nao vem, fico eu na porta da escola, de camiseta e boné azul piscina (que horror!) onde se lê "tô dando dinheiro" ("pegue a sua grana" na camiseta), admirando rostinhos juvenis, conhecendo novos e novas panfleteirosas, passando um pouco de frio neste clima de Páscoa no Brasil que está aqui, lembrando da minha doce e atribulada infância, que os anos gracas a Deus nao trazem mais. Saco ser crianca, nao? Melhor é ser adulto crianca...Na verdade, a gente só pode mesmo ser crianca quando é adulto, eu até invejo este bando de adolescentes tardios, que fazem churrascos homéricos todo o final de semana, ou entao formam uma turma pra correr de jipe, chafurdar na lama ou no churrasco. Vale tudo! Vale até homem com homem e mulher com mulher, sinto muito, Tim.

Ontem rolou um papo grupal no Messenger: eu, Bárbara, Bela e Nelinton Pinto nao sei como nao travamos o sistema. Teve até briga de tapa!

Últimas notícias:
Ganhei uma magrela!!!

Alguma coisa pra me deixar um pouco menos chorosa, meu Deus, quantas lágrimas...

Eu queria que o Falouedisse funcionasse logo de uma vez pra eu ouvir os comentários dos meus amiguinhos...

O sub-citado meio de transporte bonde pode ser também encontrado aqui na versao Metrô e no híbrido ônibus de curitiba - bonde vienense. Na versao metrô você fica esperando ele na plataforma de piso quadriculado, de arandelas de ferro em forma de folha verde penduradas na parede e de complicado acesso lateral. Quando você ouve o ruído e espera aquele grave de vagao enormemodernopiscando e lá vem o trem, tchururu, o mesmo que passa na frente da sua casa, o delicado e amável BONDE, a correr pelos vastos trilhos do seu companheiro de profissao, mais jovem e arroubado, o U-Baaaaaaaahn, como diz o cara na gravacao. Cara, este site é o máximo, é a web-cam do metrô e ela fica atualizando as imagens, parece a abertura daquela novela "Partido Alto", ahahah, que nome mais carioca, meu Deus!

O falouedisse disse que o site nao fala. Coitado do cara. Acho que tao boicotando ele...Enquanto isto, no quilombo, aventuras sao contadas e NINGUEM PODE DIZER NADA; AHAHAH°!!!!

A Áustria está em greve!!!
Eles tao fodidos com reforma da previdência social!!!
Hoje até às 11 da manha nao tinha nenhum transporte, o que pra mim significou uma aula a menos.
Passei agora na frente da universidade e vi o palanque com música, estudantes vendendo comida e divulgando seus partidos, pra próxima eleicao do diretório acadêmico.
Tem um partido que se chama "Gras" - Grüne Alternative Studentinnen, só que aqui gras também significa maconha, quero dizer, haxixe, eles realmente nao sabem o que é maconha...

Acho que eu tô ficando cada vez mais superficial, indo cada vez mais em direcao à ignorância, que é a mae da felicidade...Será?

Chamber Music - James Joyce

I

Strings in the earth and air
Make music sweet;
Strings by the river where
The willows meet.

There's music along the river
For Love wanders there,
Pale flowers on his mantle,
Dark leaves on his hair.

All softly playing,
With head to the music bent,
And fingers straying
Upon an instrument.

Um oferecimento da família Camargo.

Pois tô sabendo aí de uns babados também...Olha, todo mundo tem um lado claro e um lado escuro, como dizia a Dulce Quental. Eu me surpreendo, ah, eu me surpreendo com estes lados que as pessoas nao contam...Pra gente, mas contam pros outros que depois contam pra gente...Eu também tenho...Mas o meu é light, diria, como uma pluma, comparado às histórias que tenho escutado...Podia passar o dia aqui relatando, nao viveria nada, apenas ouviria a vida dos outros, sentaria aqui e relataria...Já teria feito minha contribuicao pra humanidade...

Estou lancando a campanha:

QUEM QUER FAZER UM LAYOUT PRO MEU BLOG???????
1. Mudar o tipo da letra
2. Colocar uma foto minha
3. Melhorar o contraste cor de letra e cor de fundo.
Só com isto eu já estaria bem feliz!

Por favor, ofertas aqui nos comentários...

Colei o tal do teste do blog da Pati, amiga da minha amiga Christina Pinto

Perdi o trabalho...Que engracado...Sou a única pessoa que fica feliz quando perde o emprego...Ed Motta, amigao, decidi há muito tempo com vc que a vida é muito mais que vender, ou vencer, o yeah...Mais fácil cuidar de criancinhas...E o dinheiro nao vai pagar a minha paz...Mas com certeza vai convidá-la pra sair...

Eu fiz o teste...A droga deu errado, ou deu a droga errada, rárárá!!!

Cocaine.
You like to talk,
you like to run,
but most of all you like to have fun.


Which drug should you be hooked on? [now with pictures]
brought to you by Quizilla

Vamo vê se esta bosta cola!!!!

Ela tinha um bordel em Berlim. Ela chegou em Viena, com tudo, com toda a panca de cafetina, querendo dizer como tudo deveria ser feito. Ela e seu cachorro branco, pastor alemao branco, onde já se viu?? E seu namorado branco, diz-se milionário, e seu outro cachorro branco. Infiltrou-se numa banda de adolescentes tardios, todos fascinados pela profissao da nova amiga, além de seu (hmm) talento como cantora. Ela impressiona pela falta de tato, pela falta de setocol e pela arrogância. Também por dizer ter 20 anos e aparentar muito mais e cansados anos...Mas ela tinha um bordel em Berlim. Foi roubada e tem agora uma dívida de € 10.000. Mas veio a Viena e sua casa nao tem móveis, mas ela tem um cachorro branco molóide, que só falta lamber quando pisam nele. Ela tem também uma persona muito bem plastificada e dificilmente pode-se conversar com ela com ela. Pois mesmo assim, foi no ensaio da banda e vestiu o uniforme de maestrina, confundiu-se com a cafetina, só nao percebeu que nao eram as nega dela que estavam ali à sua volta e foi muito questionada, nao perdendo, no entanto, a insistência....

Projeto do Wagner para concorrer ao Guiness:

Orgia em Círculo

Cem homens pelados em círculo, penetrando-se. A cada sinal, os números pares movem-se, enquanto os ímpares ficam parados e assim alternadamente...
Wahnsinn!!!

Nao gosto de escrever quadrinhas...
Sou mais chegada num círculo...

MENAS respostas, ahahah!!!

Joyce na caixa de emails
Um dia de sol que passou
As velhas novas perguntas
Cada vez menos respostas

A saudade

A lembranca
(mesmo do que nao tenha sido)
o sentimento

Rückkopplung (microfonia)

O sentimento

Nao há nada
entao há
a saudade

HOMENS:
Assim nao dá!
Se liguem.
Tomem tento.
Ai, cansei.

2. Caso
Ela senta, ao sol, à beira do Danúbio. Como outras pessoas, de biquíni. Passa protetor. Esqueceu o livro. Um sol de rachar. A uns 3 metros dali, ele estende a toalha. Ela repara e volta o rosto para a outra direcao, onde um interessante lê um livro, charmosamente deitado, de calca jeans. Eles trocam sorrisos. Ela pergunta-se se é possível nadar naquele rio, é muito maravilhoso nao poluir o rio da cidade. Mas nao há ninguém nadando ali em volta. Continua olhando de vez em quando para o interessante. Olha seu dicionário e tira algumas velhas dúvidas de alemao: "trösten" = consolar; "übergeben": transferir. O interessante está um pouco longe e ela olha entao para o outro lado. O garoto pergunta se pode conversar com ela. E entao eles conversam, ele é de Israel, ela é do Brasil, em Israel tem problemas político-religiosos, ele nao tem pátria, ela nao sabe muito bem se vai ficar morando ali muito tempo. Ele conta de suas experiências amorosas, umas poucas, na verdade uma só, ele tem 22 anos, com uma mulher mais velha, nao a amava, embora o tenha dito. Ele entao pergunta se algum amigo da moradia dela cederia um quarto. Ela pergunta se ele precisa de um quarto pra morar e ele diz que nao, que é só por uma noite, para eles. Ela entao diz que nao é possível e que a proposta nao tem a menor graca. Ele convida-a para uma bebida e, depois que ela escolhe, nao tem dinheiro pra pagar. Ela paga. Ele vai com ela até sua estacao e lhe dá seu próprio ticket, caso algum fiscal apareca. Josefstädterstrasse. Ela entrega o ticket, desce do bonde, desce as escadas da estacao, sai na direcao da igreja, desce algumas ruas e entra em casa.

Aqui vai mais uma insercao neste blog tao sem cara...
O tema é: o comeco de tudo, digo, do relacionamento

1. Caso
Saindo do Pratter, o parque que é um misto de Playcenter com Ibirapuera, a maior festa do ano. Depois de ter dancado algumas horas em um "Goa Bühne", ou seja, um dos palcos da festa, onde rolava um som eletrônico e a galera dancava e comia o pó que levantava, ia ela perdida em busca do ponto do bonde. Deu a tradicional volta olímpica até que foi abordada por um cara, negro, em inglês: "May I come home with you?" Como assim, até em casa? "If you like me, I can go with you". Ela pensou, que cavalheiro, ele quer me acompanhar até em casa. "Ok". Disse ela. O bonde estava no ponto, entraram e sentaram lado a lado. No caminho, ele nao falou nada. Ligou para um amigo, depois explicou, pois estava com ele e sumiu atrás dela. O resto, foi ela quem perguntou. Saltaram do bonde e ele foi andando, sempre um metro e meio à frente. Até que esperou que ela se aproximasse e falou: "Espero que nao seja uma surpresa pra você o fato de eu ir à sua casa" Novamente, como assim? "Nao, você vai até ali comigo e depois volta" Agora foi a vez dele "Como assim, voce quer que eu volte?" Mas é claro, disse ela. "Mas what´s the fun, then?" Qual é graca pergunta ela, qual é a graca de dizer olá, como vai, de onde vem e quero trepar com você? Ela lembrou-se de algum amigo de hábitos nao muito regulares, por sinal, vítima de AIDS. Nao posso acreditar..."Posso ser sua amiga", disse ela. E foi ele embora pisando forte...Nigeriano...